terça-feira, 22 de abril de 2008

not =

I thought I wouldn't have to apologise for who I am
With you. Not with you...
Your silent words, your noisy drift
two worlds apart
like it's always been
throughout the ages
when two people meet
at a level like this
there's no other way
with me
I'm deep depth
for I know the drill
and I accept the drill
and the depth
but you freeze when you look at
Medusa - I am
and you are
petrified
mortified
by my bevaviour
this reality that overshadows
your dreams of omnipotence
of fairy-tales
the image you have of me
the life of me
in your dreams
there's no cure for splintered dreams, boy
i hope you know that
and these snakes of mine
they won't go away
for I know they're here to stay
and your eyes
oh, your eyes
don't even look at my direction
for they see through me
seek through me
for something else
for a head without snakes
for snakes without heads
for fairy-tales
but I'm no Cinderella, boy
I am Medusa

segunda-feira, 14 de abril de 2008

(promessas)

Promessas - nada.
Palavras proferidas ao vento
voam livres rumo a uma audição receptiva
penetram numa malha desejosa viscosa
e lá grudam
e ficam
e se transformam
e crescem
como um fungo
igualmente parasitárias.
"Eu acredito em você."
Eu não acredito em você
porque promessas são nada
e suas ações tem o valor das milhares de palavras vazias que você profere
e cá estou grudado, parasitado
tentando me descolar desse fungo que entrou num ouvido receptivo
e me perguntando "Por quê?"
Os pássaros voam para o sul quando o frio vem do norte
eu me recolho para o meu sul, meu mole
lá onde o fungo está e onde você nunca estará.
Eu saio quando conseguir me limpar, e a promessa de frio acabar...

domingo, 6 de abril de 2008

Inclinei minha cabeça num ângulo de 45 gaus. Ao fundo, um navio cargueiro, pontuando uma paisagem indistinta de cinza. Água e céu confundiam-se nessa praia que - quando minha - é plúmbea. Estranho como basta inclinar a cabeça 45 graus para não reconhecer mais o mundo. Lembro que, quando criança, minha brincadeira preferida era rodopiar e rodopiar e, depois, cair ao chão, e assistir a um mundo todo novo onde nada era estático e tudo estava deformado, inclusive eu mesmo, no chão, sentindo o impuxo da terra.
A pontualidade do navio, com casco avermelhado, foi quebrada pelo movimento de um pombo que planava ao vento. Asas envergadas. Peito estufado. Eu o via com a cabeça inclinada e - como se formulasse algo inédito - pensei: "Como ele está adaptado ao ar... Mais do que eu estou adaptado à terra. Mais do que aquela família ali está adaptada à terra."
Não consigo deixar de pensar que toda nossa cognição, toda nossa percepção mais serve à uma inadaptação ao mundo do que o contrário.
Should, could, would... modalidades verbais que aconselham, falam de possibilidades remotas e hipóteses.
I should have been a pigeon.
So that I could fly.
And I would fly away.

Para longe da inadaptação e avante!
Sem artifícios.
Sem artimanhas.
Sem arte.
Só o atrito; o natural da vida - o mínimo possível.
Atrito do andarilho, cuja única motivação é continuar andando, e cuja única justificativa é habitar a possibilidade gerada pelo atrito de seu corpo com o caminho em que anda. Caso contrário, tal como o pombo, o andarilho também voaria. E estou certo de que seria para longe. Sempre para .
E as pessoas perguntariam: "Pra onde vai, andarilho?" e ele, já passado, diria "Vou pra láaaa...". E, depois, outras pessoas perguntariam "Para onde foi o andarilho?" e teriam como resposta: "Foi pra ".
E você? Para onde vai?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pérolas aos porcos

Hoje no almoço serviram pérolas. Os presentes eram porcos. Devoraram-nas como se fossem esterco. Ou qualquer outra coisa - não faria diferença.
Ao ver a cena lembrei de uma música de uma banda com nome de frutinhas que diz que "Não vale nada além disso aqui, então eu vou viver como eu escolho ou simplesmente não vou viver". Lembrei dos que escolheram não viver. E lembrei também que eu escolhi viver, e, ainda assim sinto que tenho vivido tão pouco.
Talvez seja um simples mal-estar na cultura - cultura de dar pérolas aos porcos. Não é muito inteligente tentar convencer os porcos, e nisso eu incluo o porco que também há aqui dentro de mim, que pérolas são preciosas demais para serem tragadas sem sequer serem admiradas primeiro. Não há delicadeza que resista à ânsia violenta de satisfação dos porcos.
Talvez seja essa a violência à qual nosso presidente acha que devamos nos acostumar. Lindinho... do tipo "happy tree friends", pendurado pelo nervo óptico.

Possivelmente é por esse motivo que há muito tempo só sou feliz quando chove: a chuva cria o atoleiro e o atoleiro esbalda os porcos. Unidos sagradamente na imundície, pelos séculos dos séculos, amen.
Com os porcos esbaldados eu deslizo delicadamente, como num ballet, flanando, leve e belo. A estética da lama também pode ser bela, se você for honesto consigo mesmo e desejante. Ela tem o seu valor.
O que não tem valor são as pérolas. Essas, meus amigos, estão misturadas à ração dos porcos. E ai de quem...

Mas fui eu que paguei por essas pérolas. Com sangue e lágrimas. E muita paciência. E eu me recuso a sentar e simplesmente assistir ao espetáculo dessa festa pobre.

Declare independence. Don't let them do that to you.