terça-feira, 16 de setembro de 2008

pequeno animalzinho frágil na savana

Sempre que fico doente me imagino um pequeno animalzinho frágil na savana
as analogias animais sempre me acompanharam
as hominídeas também
fico pensando: se eu fosse uma gazela com dor no estômago o que eu faria?
Fico pensando no desamparo que eu - macaco civilizado - sinto. E lembro de não lembrar no semblante de um animal a sensação nítida de dor.
Será que para eles essas coisas do corpo dóem menos?
Será que é mais natural para eles doer?
Será que eles não teriam uma dor de estômago, exatamente porque não sendo civilizados não comem os acidulantes, conservantes, corantes, gorduras saturadas, e outros venenos que nós comemos?
Eu tive essa imagem: eu gazela, agonizando de dor, dor monótona mas que não passa, dor torturante, me pondo à disposição do primeiro predador que quisesse acabar com a minha agonia.
Sim, eu seria uma gazela fatalista. Alguns dizem que já sou.
Mas ainda acho que temos muito o que aprender com a bichisse dos bichos.
São muito mais bravos que nós.
Jamais se passou na cabeça de um animal, ao sentir dor, pensar "preciso ir para um hospital"
em geral, acho que eles só se recolhem e esperam a dor passar.
Se passar, melhor; se não, viram presas.
Alívio para a fome do predador e para a dor da presa.
Será que estamos, na vida, esperando predadores para tirar-nos de nossas dores?
E nem me venham com o masoquismo barato. Falo de algo mais biológico. Mais ancestral. Algo que obedece o ritmo da terra. Assim mesmo, bem riponga.
No momento hospitais não são meu local preferido.
Bom mesmo é comer sopinha, que mamãe veio aqui especialmente fazer, debaixo do edredon.
Alívio.