domingo, 29 de julho de 2007

... e que você tenha sido muito feliz!

O x-ego! de hoje foi motivado por todas as mensagens - verbais e escritas - relativas ao meu aniversário e por todas as pessoas que, porventura, alguma vez em suas vidas tenham me desejado "felicidade".

Eu confesso que convenções sociais nunca foram o meu forte. Sempre achei esquisita essa coisa de, nos aniversários, as pessoas se desejarem 'paz, saúde, amor, FELICIDADE'. O que é felicidade? O que é que se está desejando ao dizer isso?

Quando eu era criança eu dizia para mim mesmo: "Quero ser feliz." e dizia isso com autoridade e sabedoria de gente-(que-se-acha-)grande. Com o tempo, no entanto - e talvez graças a um princípio de realidade bem desenvolvido - comecei a perceber que tinha alguma pegadinha nessa tal da felicidade... eu procurava e procurava e, GOD DAMN IT!, cadê?!

Felicidade é a palavra de ordem da minha geração. Nós somos da época pós-revolução sexual, pós-pílula anti-concepcional, pós-movimentos feministas, gays e étnicos. Somos da era de aquário, onde todos os diferentes grupos e bugigangas comunicativas-tecnológicas ganham evidência por terem o copromisso e o objetivo de realizarem rapidamente nossos desejos de felicidade. Somos da geração prozac e ecstasy: felicidade em uma pílula. Somos da geração xuxa, onde "...tudo pode ser, só basta acreditar...". Quanta possibilidade de ser feliz... Mas e aí? Cadê?

Daí até passar a achar que o problema era comigo, foi um pulo. Foi uma fase um bocado paranóide, em que eu achava que todas as pessoas eram felizes - menos eu - e o culpado era o universo. "Não fui feito pra ser feliz" - eu pensava.
O que acontece, na verdade, é que eu acho que nunca soube agarrar a felicidade pelas bolas, no momento em que ela acontece. Se alguém me pergutar em qualquer momento "E aí?! Tá feliz?!" eu vou sorrir sem graça, sem jeito, debochado até. É que no fundo eu juro que eu não sei. Fico ecoando a pergunta "...estou sendo feliz? estou sendo feliz? deveria estar sendo feliz...?".

Essa coisa de felicidade é mesmo complicada, né? Acho que felicidade é alguma coisa que se dá sempre a posteriori, por excelência. Está sempre no momento seguinte, ao revisitar um momento anterior. Dessa maneira a felicidade é uma grande bobeira, se procurada no futuro: felicidade é passado. E é passado graças à enorme habilidade do psiquismo em apagar as sobras dos acontecimentos, retirando toda a pungência e urgência da realidade e transformando tudo em sonho. Felicidade é esquecimento. Felicidade é produzir, registrar e acreditar que se foi feliz.

E é por isso, minha gente, que a partir de hoje, nos aniversários e nas datas importantes e comemorativas, eu passarei a desejar às pessoas "...e que você tenha sido muito feliz!". Por uma questão de honestidade. Pra tirar o peso e a responsabilidade de sermos todos, o tempo todo, felizes.

UFA!, né?