domingo, 24 de maio de 2009

Os incomodados que se mudem - i'm bringing sexy back!

Eu mais o Rio de Janeiro combinamos tal qual sapatos de camurça e um dia de chuva, ou um dia de calor de 40º e uma blusa de lã, ou ainda um figurino comumente utilizado na praia pelos transeuntes: tênis, meia e sunga!
E se a galera lá de São Paulo cansou de ser sexy eu posso dizer que o que eu já me cansei, voltei, dei 3 loops, sexy back e cansei de novo foi dos velhos problemas do Rio.
Sexta-feira eu tive a tarde livre e fui caminhar pela praia. Um dia lindo, temperatura boa - nem tórrido nem frio, praia vazia. Ou seja, todos os elementos para ser uma agradável ida à praia. Mas além da água suja, com direito a espuminha que fica na areia, eu nunca me sinto à vontade naquele ambiente. É algo da natureza mais profunda da combinação daqueles elementos, cores, sensações. Sei lá... azul e bege não fazem muito minha cabeça! Prefiro mil vezes sentar no jardim do Parque Laje. Verde, que te quero verde! Enfim, andando pela praia, de sunga e tudo, eu me sentia tão inadequado. Não sei se era perceptível, mas para mim era quase como se houvesse um letreiro de neon em cima de mim apontando para o quanto eu não pertencia àquele elemento. E mesmo que houvesse pouquíssimas pessoas para verem o imaginário letreiro neon, o que importa é que ele piscou para mim e apenas disse: "STOP TRYING! Pára de tentar, macaca burra!" Daí eu andei, sentei NA GRAMA, e parei pra refletir sobre tudo isso. Olhei o mar e tentei entrar num estado de contemplação como a maioria das pessoas faz e nada. Nenhuma paz. Voltei pra casa, super derrotado.
Hoje fui novamente caminhar pelo calçadão, só pra gastar energia mesmo e pegar um sol de fim de tarde. Mas o sol às 4 da tarde já tinha sumido de copacabana e tudo que eu via me desmotivava e desanimava. A melhor coisa que eu vi foi a arquitetura de alguns prédios - o copacabana palace é sempre incrível - e uns quadros que estavam expostos na calçada. Agora, me digam: qual o imbecil que vai andar na praia pra ver a arquitetura dos prédios da orla e quadros expostos? Euzinho!
A beleza do Rio é toda virtual. Quase um holograma. Só pode ser vista, não tocada. Todas as sombras de árvores da orla, todos os bancos e canteiros de grama de praças públicas - BANHEIRO DE MENDIGO. Impossível ter qualquer prazer de sentar num jardim público se ele fede a excrementos diversos! E eu juro que são TODOS. Isso quando os mendigos, além de usar os parques como banheiros, também não os usam como casa. Moram lá, constituem família e ali vivem por gerações, ou o que parecem ser gerações.
Odeio o calor de 40º, odeio a "moda" praia, odeio a cultura de garoto/a zona sul. Aqui nesse contexto sou apenas mais um ugly duckling, a misfit, an outcast, a loser, ... Então acho que eu cansei de NÃO ser sexy. Obedecendo ao ditado popular mais endeusado e aplicado em relação a tudo no Brasil "Os incomodados que se mudem!".

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lá vai Maria...

Segunda-feira, Maria acorda e está tudo no mesmo lugar que estava ontem

por um segundo - na realidade turva entre o dormir e o despertar - esperava que sua vida tivesse mudado magicamente

não é que eu não goste da vida

é apenas o querer doentio de constante novidade

e o fugir não-menos doentio dos rituais de manutenção da vida: varrer, lavar, cozinhar, comer, tomar banho, guardar as roupas, limpar a caixa de areia dos gatos...

Como conciliar essas coisas tão mundanas, tão terráqueas, tão reais com os sonhos?

Tem sido tão sofrido acordar, e ela gostaria sempre de continuar dormindo, e tem tido um sono descomunal.

Quando a realidade que nos cerca nos desagrada, foge-se para viver em outra realidade ou foge-se para viver em sonhos.

Maria tem vivido em sonhos. E o passo do dia-a-dia é tão corrido que ela não percebe os dias passarem e parece que a vida é feita de intervalos entre um dormir e outro.

E lá vai Maria...