Eu mais o Rio de Janeiro combinamos tal qual sapatos de camurça e um dia de chuva, ou um dia de calor de 40º e uma blusa de lã, ou ainda um figurino comumente utilizado na praia pelos transeuntes: tênis, meia e sunga!
E se a galera lá de São Paulo cansou de ser sexy eu posso dizer que o que eu já me cansei, voltei, dei 3 loops, sexy back e cansei de novo foi dos velhos problemas do Rio.
Sexta-feira eu tive a tarde livre e fui caminhar pela praia. Um dia lindo, temperatura boa - nem tórrido nem frio, praia vazia. Ou seja, todos os elementos para ser uma agradável ida à praia. Mas além da água suja, com direito a espuminha que fica na areia, eu nunca me sinto à vontade naquele ambiente. É algo da natureza mais profunda da combinação daqueles elementos, cores, sensações. Sei lá... azul e bege não fazem muito minha cabeça! Prefiro mil vezes sentar no jardim do Parque Laje. Verde, que te quero verde! Enfim, andando pela praia, de sunga e tudo, eu me sentia tão inadequado. Não sei se era perceptível, mas para mim era quase como se houvesse um letreiro de neon em cima de mim apontando para o quanto eu não pertencia àquele elemento. E mesmo que houvesse pouquíssimas pessoas para verem o imaginário letreiro neon, o que importa é que ele piscou para mim e apenas disse: "STOP TRYING! Pára de tentar, macaca burra!" Daí eu andei, sentei NA GRAMA, e parei pra refletir sobre tudo isso. Olhei o mar e tentei entrar num estado de contemplação como a maioria das pessoas faz e nada. Nenhuma paz. Voltei pra casa, super derrotado.
Hoje fui novamente caminhar pelo calçadão, só pra gastar energia mesmo e pegar um sol de fim de tarde. Mas o sol às 4 da tarde já tinha sumido de copacabana e tudo que eu via me desmotivava e desanimava. A melhor coisa que eu vi foi a arquitetura de alguns prédios - o copacabana palace é sempre incrível - e uns quadros que estavam expostos na calçada. Agora, me digam: qual o imbecil que vai andar na praia pra ver a arquitetura dos prédios da orla e quadros expostos? Euzinho!
A beleza do Rio é toda virtual. Quase um holograma. Só pode ser vista, não tocada. Todas as sombras de árvores da orla, todos os bancos e canteiros de grama de praças públicas - BANHEIRO DE MENDIGO. Impossível ter qualquer prazer de sentar num jardim público se ele fede a excrementos diversos! E eu juro que são TODOS. Isso quando os mendigos, além de usar os parques como banheiros, também não os usam como casa. Moram lá, constituem família e ali vivem por gerações, ou o que parecem ser gerações.
Odeio o calor de 40º, odeio a "moda" praia, odeio a cultura de garoto/a zona sul. Aqui nesse contexto sou apenas mais um ugly duckling, a misfit, an outcast, a loser, ... Então acho que eu cansei de NÃO ser sexy. Obedecendo ao ditado popular mais endeusado e aplicado em relação a tudo no Brasil "Os incomodados que se mudem!".
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Há 11 anos
4 comentários:
Eu sei exatamente como vc sente.
E eu também já tentei algumas vezes em diferentes épocas, me adaptar. Afinal..TANTA gente curte esse esquema praia, só pode ter algo de errado COMIGO, né?
Mas acho que não....acho que errado é eu querer enfiar goela adentro coisas que os outros gostam.. Cidade é uma merda e ponto final...Não é a toa que toda a Europa sofreu de depressão após deixarem os campos, gerando aquele movimento "simbolista" cheio de figuras sinistras...
Incomodados q se mudem é o jeito. Eu ainda não resolvi esta questão.
Ps: Como é bom estar no Parque Laje né? aiaiaiai amo..
Te consola saber que ainda é primavera e hoje a previsão é de 31 graus?? To surtando com o calor aqui e com a previsão do verão que ainda está por vir... Me lembrei pq eu odeio tanto o Rio e super me identifiquei com tudo o que você disse (se eu disser que já senti essa mesma plaquinha de neon sobre a minha cabeça na praia, você acredita?)
Enfim... aqui ainda tenho o prazer de sentar numa sobra de árvore na beira do Reno pra ler um livro...
mas assumo que sinto falta do mar... não do mar de copacabana ou ipanema... meu lance sempre foi praia deserta, sentar numa pedra e ficar só vendo o mar ir e vir...
mas, enfim...
saudades.
O Rio tem uma beleza que não é essa que se costuma ver.
Algumas muitas vezes me perguntaram se eu NÃO era carioca. Meu pai inclusive me preguntou isso hoje. Respondi da forma como você me ensinou: "Eu estou carioca, mas não sou carioca". Total falta de tempo pra me mudar daqui. Assim que der, tô partindo.
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