segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Filhotinho de panda

Emoção: Nosso primeiro pedido chegou! Uma de minhas leitoras, incomodadíssima com uma dúvida assombrosa, resolveu me escrever. Ela havia visto a notícia de que um zoológico na China conseguiu com sucesso produzir 16 filhotinhos de panda. Sua dúvida aflita era: "Filhotinho de panda caga??!!"

A natureza da pergunta me intrigou muito, ao mesmo tempo que me fez chorar de rir. Achei curioso o embate perceptivo antitético entre dois extremos: de um lado a fofura absoluta de um filhotinho de panda; do outro a animalidade e sordidez do ato de defecar.
É sempre interessante como as pessoas julgam que aquilo que é belo é também cheiroso, limpo, verdadeiro, amável, enfim, um conjunto de qualidades consideradas positivas. Por outro lado, aquilo que é feio é considerado sujo, asqueroso, indigno. Percebam que a menina loirinha bonitinha no metrô nunca é considerada a emissora de flatulência; é sempre o velho gordo, feio e mal-vestido sentado ao lado, mesmo que seja inocente.
Sim, somos seres bípedes num mundo civilizado, com nossos narizes bem longe do chão, dos genitais e dos excrementos. Usamos underwear e temos orgulho disso! Chique, beibe.

Mas gente: FILHOTINHO DE PANDA CAGA! Claro que caga...
E essa tentativa de transformar tudo em kitsch produziu um dos personagens mais hediondos de nossa civilização: Hello Kitty. Creio que ela deveria ser renomeada Hello Kitschy, afinal, para justificar a ausência de um c* não colocaram nem boca na bicha!

É, no nosso mundo de cultura e tecnologia tão avançadas tudo ainda caga, exceto a Hello Kitty. Ouvi falar, na boca miúda, que até quando somos fetos nos úteros de nossas queridas mãezinhas nós já produzimos algum tipo de caca, que é devidamente metabolizada pelo organismo de mommy. E de nada nos servem nossos i-pods, lasers e viagens espaciais se nos esquecermos de que ainda somos animais e que aquilo que nos separa dos pandas, dos macacos, dos ratos, dos peixes e dos insetos são alguns pares de cromossomos e, portanto, todos cagamos.

O orgulho de ter um canudo

Esse título pode parecer bem fálico à primeira vista. Interpretoses à parte (isso vai ficar a cargo da libido de vocês) eu estou me referindo ao orgulho de possuir um diploma universitário. Sim! Como não?
Vovó sempre me dizia que era absolutamente necessário me formar numa faculdade se eu não quisesse viver uma vida incerta e cheia de perigos. Papai e mamãe (mais um alvo pra interpretose para vocês) concordavam com vovó. Tanto que ambos também se formaram e viveram vidas corretas e minimizadas em relação aos abundantes perigos do mundo. Ok, até aí tudo muito bonito, tudo muito elegante.
Aí venho eu, revisitação do conceito de ovelha-negra, ganhar meu canudo universitário. Chique.
E o que eu faço com ele agora?
Pra quem acabou de se lembrar da pergunta da nerdzinha sem-vergonha pro Sílvio-Ha-Hae-Santos "E o bambu?", auto lá! Um diploma universitário é algo a se honrar. E por falar em 'honra', penso que esse significante deveria se referir a estar formado, dignamente empregado e com uma carreira promissora à frente. Chique como vovó sempre sonhou.
A realidade, por enquanto, é outra - cá estou contabilizando novos gastos e pensando "Da onde que eu vou tirar essa m***a de dinheiro?!"
É nessas horas que eu penso em algo que falei pra mim mesmo, mas dirigido à pessoa de minha analista: "Se eu quiser ganhar dinheiro num período a curto ou médio prazo, ou eu tenho que traficar, ou dar o c* na esquina!"
Agora eu me pergunto: será que o meu preço na esquina sobe se eu estiver com o canudo na mão (interpretose n° 3)?
Solução: resolvi fazer aquilo que eu sempre fiz: devanear, escrever e ser irritantemente engraçadinho. =;o)
Luxo.